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Eficácia hipotensora dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) na hipertensão arterial primária

Abstract

Introdução

Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) são amplamente prescritos para o tratamento da hipertensão. Portanto é essencial avaliar e comparar seus efeitos hipotensores e sobre a frequência cardíaca, assim como a taxa de abandono devido a eventos adversos.

Objetivos

Quantificar a eficácia de diferentes doses de inibidores da ECA na redução da pressão arterial sistólica e/ou diastólica, comparada aos placebos, no tratamento da hipertensão primária.

Métodos de busca

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados eletrônicas: CENTRAL (The Cochrane Library até 2007, Issue 1), MEDLINE (1966 até fevereiro de 2007) e EMBASE (1988 até fevereiro de 2007). A busca foi complementada pela avaliação das listas de referências dos artigos.

Critério de seleção

Incluímos ensaios clínicos controlados, randomizados e duplo‐cegos, que avaliaram a eficácia hipotensora dos inibidores da ECA como monoterapia em dose fixa em comparação com um placebo durante 3 a 12 semanas em pacientes com hipertensão primária.

Coleta dos dados e análises

Dois autores, trabalhando de forma independente, avaliaram o risco de viés e extraíram os dados dos estudos. Os autores dos estudos primários foram contatados para informações adicionais. Também colhemos dados dos estudos sobre a suspensão do medicamento por efeitos adversos.

Principais resultados

92 estudos avaliaram a eficácia hipotensora de diferentes doses de 14 inibidores da ECA em 12.954 pacientes com pressão arterial média inicial de 157/101 mmHg. Os dados não indicam que qualquer inibidor da ECA específico seja melhor ou pior para reduzir a pressão arterial (PA). Uma dose de 1/8 ou 1/4 da dose máxima diária (Max) recomendada pelo fabricante levou a uma redução de PA de 60 a 70% da resposta obtida com a dose máxima. O uso de 1/2 da dose máxima recomendada levou a uma redução da PA da ordem de 90% daquela obtida com a dose máxima. O uso de doses superiores ao máximo recomendado não produziu uma redução da PA significativamente maior do que aquela obtida com a dose máxima. A combinação dos efeitos de 1/2 da dose máxima e de doses maiores nos forneceu uma estimativa média da eficácia dos inibidores da ECA que foi de ‐8mmHg na PA sistólica e ‐5mmHg na PA diastólica. Os inibidores da ECA reduziram os valores da PA medida 1 a 12 horas após a dose em aproximadamente 11/6mmHg.

Conclusão dos autores

Não há diferença hipotensora clinicamente significativa entre os diferentes inibidores da ECA. O efeito dos inibidores da ECA na redução da PA é modesto; a magnitude da redução da PA com 1/2 da dose máxima recomendada ou mais é de ‐8/‐5 mmHg. Além disso, 60 a 70% da redução da PA ocorre com as menores doses de ECA recomendadas. Devido à pequena duração dos estudos e ao fato de que muitos estudos não apresentaram dados sobre eventos adversos, a revisão não conseguiu avaliar a incidência de danos associada com os inibidores da ECA. 

PICO

Population
Intervention
Comparison
Outcome

El uso y la enseñanza del modelo PICO están muy extendidos en el ámbito de la atención sanitaria basada en la evidencia para formular preguntas y estrategias de búsqueda y para caracterizar estudios o metanálisis clínicos. PICO son las siglas en inglés de cuatro posibles componentes de una pregunta de investigación: paciente, población o problema; intervención; comparación; desenlace (outcome).

Para saber más sobre el uso del modelo PICO, puede consultar el Manual Cochrane.

Plain language summary

Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) para o tratamento da pressão alta

A classe de drogas chamada “inibidores da conversão da enzima da angiotensina” (ECA) é comumente usada para o tratamento de pessoas que sofrem de pressão alta. Esse tipo de remédio inclui medicamentos como o ramipril (marca: Altace), captopril (Capoten), enalopril (Vasotec), fosinopril (Monopril), lisinopril (Prinivil, Zestril) e quinapril (Accupril). Nós queríamos saber o quanto essa classe de drogas reduz a pressão arterial e se existe diferença entre as drogas específicas entre si. Pesquisamos a literatura científica disponível para encontrar todos os estudos que avaliaram isso.

Nós encontramos 92 estudos que randomizaram (sortearam) participantes para receber inibidores da ECA ou placebo (pílulas sem nenhum efeito). Estes estudos avaliaram a capacidade de redução da pressão de 14 diferentes inibidores da ECA em 12.954 participantes. Os estudos acompanharam os participantes por aproximadamente 6 semanas (embora se espere que as pessoas com pressão alta usem medicamentos anti‐hipertensivos para o resto de suas vidas). O efeito desses remédios na redução da pressão arterial foi modesto.  Houve redução de 8 pontos no valor mais alto da medida da pressão (pressão arterial sistólica) e de 5 pontos no valor mais baixo da medida da pressão (diastólica).  A maior parte da redução da pressão arterial (cerca de 70%) foi alcançada com a menor dose recomendada dos medicamentos.  Nenhum inibidor da ECA parece ser melhor ou pior do que os outros em termos de sua capacidade de baixar a pressão arterial.

A maioria dos estudos incluídos nesta revisão foi patrocinada por empresas que produzem inibidores da ECA e muitos desses estudos não relataram se e quantos pacientes tiveram efeitos adversos associados ao uso desses remédios.  Isso pode significar que as empresas farmacêuticas estejam escondendo resultados desfavoráveis relacionados a estes medicamentos.  Devido à falta de dados sobre o número de participantes que abandonaram os estudos em decorrência de reações adversas aos medicamentos, assim como a curta duração desses estudos, esta revisão não pode fornecer uma boa estimativa dos malefícios associados ao uso desse tipo de medicamentos.  A prescrição dos inibidores da ECA menos caros e nas doses mais baixas irá levar a uma boa economia e possivelmente também irá reduzir o risco de eventos adversos relacionados com a dose utilizada.