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Prata tópica para prevenção de infecção em feridas

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Resumo

Introdução

O uso de compostos com prata é popular para o tratamento de feridas cutâneas pois acredita‐se que o metal seria útil contra um amplo espectro de patógenos. Porém, ainda não há evidência da sua efetividade na prevenção de infecção ou promoção da cicatrização desses ferimentos.

Objetivos

Avaliar os efeitos de curativos e agentes tópicos contendo prata na prevenção de infecção e na promoção da cicatrização de feridas.

Métodos de busca

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Wounds Group Specialised Register (6 de maio de 2009); The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (2009, edição 2); Ovid MEDLINE (1950 até a 4a semana de abril 2009); Ovid EMBASE (1980 até a semana 18 de 2009); EBSCO CINAHL (1982 até a 4a semana de abril 2009) e Digital Dissertations (até maio de 2009). Contatamos fabricantes e distribuidores desses produtos.

Critério de seleção

Incluímos ensaios controlados randomizados (ECR) que compararam o uso de curativos e agentes tópicos contendo prata versus curativos e agentes tópicos sem prata, para o tratamento de feridas não infectadas.

Coleta dos dados e análises

Dois autores, trabalhando de forma independente, selecionaram os estudos, avaliaram seus riscos de viés e extraíram os dados.

Principais resultados

Identificamos 26 ECRs envolvendo um total de 2066 pacientes. Devido à heterogeneidade dos tratamentos e dos desfechos, não foi possível realizarmos metanálises. Agrupamos os resultados conforme o tipo de ferida e o tipo de preparado de prata (curativo ou agente tópico) usado.

Queimaduras

13 ECRs compararam prata tópica (diversas formulações – incluindo creme de sulfadiazina de prata‐SSD) versus curativos sem prata. Um ECR relatou menos infecções no grupo do nitrato de prata do que no grupo do curativo sem prata. Porém, três ECRs encontraram um risco significativamente maior de infecção no grupo de SSD do que no grupo de curativo sem prata.

Seis ECRs compararam creme de SSD versus curativos contendo prata. Um estudo teve significativamente menos infecções no grupo do curativo com prata (Hydron AgSD) do que no grupo do SSD. Os outros 5 estudos não encontraram diferenças entre os grupos.

Um estudo comparou dois tipos diferentes de curativos contendo prata e encontrou uma taxa de infecção significativamente menor no grupo tratado com curativo de gaze revestida com prata (Acticoat®) do que no grupo tratado com curativo de gaze com nitrato de prata.

Outras feridas

Seis ECRs compararam diferentes tipos de curativos com SSD/prata (nove tipos diferentes de curativos) versus curativos sem prata. A maioria das comparações (sete) não encontrou diferenças significativas na taxa de infecção. Um ECR envolvendo diversos tipos de feridas relatou significativamente menos infecções no grupo que usou SSD/hidrocoloide, mas outro ECR envolvendo pacientes com feridas agudas relatou significativamente mais infecções no grupo tratado com SSD. Apenas uma comparação, em ferimentos de pé diabético, encontrou uma redução significativa no tempo de cicatrização no grupo tratado com um curativo de hidrofibra contendo prata. 

Conclusão dos autores

A evidência é insuficiente para sabermos se os curativos ou agentes tópicos que contêm prata promovem a cicatrização ou previnem a infecção de feridas. Existe evidência de baixa qualidade sugerindo que a sulfadiazina de prata teria um efeito oposto ao desejado.

Resumo para leigos

Curativos e cremes que contêm prata não previnem infecções nem ajudam na cicatrização das feridas 

Os curativos e cremes que contêm prata são amplamente utilizados em feridas. Acredita‐se que a prata poderia ajudar a prevenir infecções e acelerar a cicatrização das feridas. Porém, não sabíamos se isso era verdade. Esta revisão identificou 26 estudos (envolvendo 2066 participantes) que compararam curativos ou cremes com prata versus curativos ou cremes sem prata. Vinte estudos envolviam participantes com queimaduras. Nos outros estudos, os participantes tinham vários tipos diferentes de feridas. A maioria dos estudos tinha poucos participantes (ou seja, eram estudos pequenos) e era de baixa qualidade metodológica. Depois de analisarmos esses estudos, chegamos à conclusão que não há evidência suficiente para apoiar o uso de curativos ou cremes com prata pois esses tratamentos não impedem a infecção e nem promovem a cicatrização das feridas. Existe evidência, proveniente de alguns estudos pequenos e de baixa qualidade, indicando que a sulfadiazina de prata não modifica o risco da ferida infeccionar e, na realidade, retarda a cicatrização das queimaduras superficiais.