Scolaris Content Display Scolaris Content Display

Momento da administração profilática de uterotônicos no terceiro período do parto vaginal

Abstract

Introdução

A administração dos uterotônicos é um dos principais componentes do manejo ativo do terceiro período do trabalho de parto. O momento da administração do uterotônico varia consideravelmente em todo o mundo e pode ter implicações significativas para o bem‐estar das mães e dos seus bebés.

Objetivos

Avaliar o efeito do momento da administração do uterotônico profilático (antes versus depois da expulsão placentária) nos desfechos relacionados com o terceiro período do trabalho de parto.

Métodos de busca

Fizemos buscas no Cochrane Pregnancy and Childbirth Group's Trials Register (setembro de 2009).

Critério de seleção

Incluímos ensaios clínicos randomizados controlados (ECR) que testaram diferentes momentos para a administração profilática de uterotônicos no terceiro período do trabalho de parto.

Coleta dos dados e análises

Dois autores, trabalhando de forma independente, selecionaram os estudos para inclusão, avaliaram o risco de viés e fizeram a extração dos dados. A tabulação dos dados foi conferida.

Principais resultados

Incluímos três ECRs envolvendo 1671 participantes; a ocitocina foi o único uterotônico avaliado. A dose e via de administração da ocitocina variou entre os estudos incluídos. A administração de ocitocina antes versus depois da expulsão da placenta não teve um efeito significativo no risco de HPP (perda de sangue superior a 500 ml): razão de risco (RR) 0,81, intervalo de confiança (IC) de 95% 0,62 a 1.04; n = 1667, três ECR. Também não houve diferença entre os grupos no risco de retenção placentária (RR 1,54, IC 95% 0,76 a 3,11; n = 1667, três ECRs); duração do terceiro período (diferença média (MD) ‐0,30 minutos, IC 95% ‐0,95 a 0,36; n = 1667, três ECRs); perda de sangue pós‐parto (MD 22,32 ml, IC 95% ‐58.21 a 102,86; n = 181, dois ECRs); modificação nos níveis de hemoglobina (MD 0,06 g/dL, IC 95% ‐0,60 a 0,72; n = 51, um ECR); transfusão de sangue (RR 0,79, IC 95% 0,23 a 2,73; n = 1667, três ECRs); uso de uterotônicos adicionais (RR 1,10, IC 95% 0,80 a 1.52; n = 1667, três ECRs); incidência de hipotensão materna (RR 2,48, IC 95% 0,23 a 26,70; n = 130, um ECR) e incidência de HPP grave (perda de sangue de 1000 ml ou mais) (RR 0,98, IC 95% 0,48 a 1,98; n = 130, um ECR). Os estudos não avaliaram outros desfechos maternos ou neonatais.

Conclusão dos autores

A administração de ocitocina antes versus depois da expulsão placentária não teve qualquer influência significativa em vários desfechos clínicos relevantes como incidência de HPP, risco de retenção placentária e duração do terceiro período do trabalho de parto. Porém, o número de estudos disponíveis é limitado. A ocitocina, administrada principalmente por infusão intravenosa, foi o único uterotônico avaliado nos estudos. A extrapolação dos achados para outras vias de administração deve ser interpretada com cautela. É necessário fazer mais estudos que avaliem outros desfechos maternos e neonatais usando abordagens consistentes.

PICO

Population
Intervention
Comparison
Outcome

El uso y la enseñanza del modelo PICO están muy extendidos en el ámbito de la atención sanitaria basada en la evidencia para formular preguntas y estrategias de búsqueda y para caracterizar estudios o metanálisis clínicos. PICO son las siglas en inglés de cuatro posibles componentes de una pregunta de investigación: paciente, población o problema; intervención; comparación; desenlace (outcome).

Para saber más sobre el uso del modelo PICO, puede consultar el Manual Cochrane.

Plain language summary

Administração de uterotônicos antes ou depois da saída da placenta no manejo do terceiro período de mulheres que tiveram um parto vaginal

O manejo ativo do terceiro período do trabalho de parto reduz o risco de hemorragia pós‐parto (HPP). Esse manejo geralmente envolve a ligação (clampeamento) e o corte do cordão umbilical, a administração de remédios que promovem a contração do útero (`uterotônicos´) e a tração controlada do cordão. A tração controlada do cordão envolve pressionar o útero e, ao mesmo tempo, puxar o cordão especialmente quando aparece o sinal de separação da placenta. Embora exista evidência que o manejo ativo do 3o período reduz o risco de HPP, ele pode ter um impacto no bem‐estar da mãe e do bebé em termos da quantidade de sangue que foi transfundido para o bebé antes da separação da placenta. O momento ideal para administrar o uterotônico (antes ou depois da expulsão da placenta) pode ter um papel importante neste processo e não foi previamente investigado de forma sistemática. Esta revisão encontrou três estudos (1671 participantes) e descobriu que o momento da administração da ocitocina profilática (quando o ombro do bebê está saindo versus depois da saída da placenta) não teve qualquer influência na quantidade de sangramento pós‐parto ou no risco da placenta ficar retida. Dois dos três estudos administraram ocitocina usando uma infusão intravenosa. Em todos os estudos, o cordão foi ligado em dois lugares e cortado imediatamente após o nascimento do bebé. Houve algumas diferenças entre os estudos na forma de fazer a tração controlada do cordão. Em dois dos estudos, a placenta foi expulsa com tração controlada do cordão quando os sinais de separação da placenta ficaram evidentes. Um estudo usou pressão sobre o útero desde o começo para propiciar uma contração uterina contínua. A ocitocina foi o único uterotônico avaliado nos três estudos. Os estudos não avaliaram os efeitos da intervenção sobre a saúde neonatal. São necessários estudos mais bem desenhados e com abordagens consistentes sobre o momento de administrar uterotônicos no terceiro período do trabalho de parto.