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Pré‐medicação para ansiedade em cirurgia ambulatorial em adultos

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Resumo

Introdução

Desde o início dos anos 1980, procedimentos cirúrgicos ambulatoriais têm se tornado cada vez mais comuns. Muitos pacientes estão ansiosos antes da cirurgia, no entanto, algumas vezes, há relutância em se prover medicação sedativa porque acredita‐se que atrasaria a alta hospitalar. Esta é uma versão atualizada da primeira revisão publicada em 2000 (atualizações anteriores em 2003; 2006).

Objetivos

Avaliar o efeito da pré‐medicação ansiolítica quanto ao tempo de alta hospitalar em adultos sendo submetidos à cirurgia ambulatorial sob anestesia geral.

Métodos de busca

Identificamos os estudos por meio de buscas eletrônicas na the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library, 2009, fascículo 1); MEDLINE (1980 a Janeiro de 2009); EMBASE (1980 a Janeiro de 2009). Nós também checamos as listas de referências dos ensaios clínicos e artigos de revisão e fizemos busca manual em três revistas principais de anestesia.

Critério de seleção

Incluímos todos os ensaios clínicos randomizados identificados comparando fármaco(s) ansiolítico(s) com placebo antes da anestesia geral em cirurgia ambulatorial de pacientes adultos.

Coleta dos dados e análises

Coletamos os dados relativos aos anestésicos empregados; aos resultados de testes das funções psicomotoras quando esses foram empregados para avaliar o efeito residual da pré‐medicação; e aos tempos decorridos entre o final da anestesia e a capacidade de caminhar sem ajuda ou estar apto para a alta hospitalar. Não se realizou síntese estatística formal dos estudos individuais em vista da variedade de fármacos estudados.

Principais resultados

Nós incluímos 17 estudos. A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi baixa. Dos 17 estudos, somente sete avaliaram especificamente a questão da alta hospitalar; nenhum encontrou qualquer atraso nos pacientes pré‐medicados. Dois outros estudos empregaram critérios clínicos para avaliar a condição física para a alta, embora os tempos para a alta não foram informados. Novamente, não houve diferença com relação ao placebo. Onze estudos empregaram testes de função psicomotora com ou sem medidas clínicas como indicadoras da recuperação da anestesia. Em nenhum desses estudos a pré‐medicação pareceu atrasar a alta, apesar de que o desempenho nos testes de função psicomotora algumas vezes estava prejudicado. Três estudos mostraram não haver prejuízo na função psicomotora, seis evidenciaram algum prejuízo, mas que melhorou após três horas ou no momento da alta e dois evidenciaram prejuízo significante na função psicomotora.

Conclusão dos autores

Não encontramos evidências de diferença no tempo de alta hospitalar, avaliada por critérios clínicos, em pacientes que receberam pré‐medicação ansiolítica. Todavia, tendo em vista a idade e a variedade de técnicas anestésicas empregadas e a heterogeneidade clínica entre os estudos, as inferências para os casos ambulatoriais atuais devem ser feitas com cautela.

Resumo para leigos

Pré‐medicação para ansiedade em cirurgia ambulatorial em adultos não atrasa a alta dos pacientes

A cirurgia ambulatorial, na qual os pacientes são mandados para casa no mesmo dia da operação, é uma prática clínica comum, não mais restrita aos procedimentos simples. A pré‐medicação com fármacos para reduzir a ansiedade antes da anestesia geral pode ser suspensa aos pacientes devido à preocupação em poder retardar a recuperação após a cirurgia. . Isto pode reduzir a eficiência das unidades de cirurgia ambulatorial e ter importante impacto econômico. Poderia também resultar em internação hospitalar não planejada, o que seria insatisfatório para os pacientes. No entanto, alguns pacientes ainda gostariam da opção da medicação para reduzir a ansiedade.

Identificamos 17 estudos que compararam a pré‐medicação com o placebo antes da cirurgia ambulatorial. Doze estudos envolveram benzodiazepínicos (sedativos), dois envolveram opioides (analgésicos), dois envolveram betabloqueadores, um comparou um benzodiazepínico com um betabloqueador e um envolveu um fitoterápico. Em geral, os estudos eram de baixa qualidade e muitos empregaram técnicas anestésicas que não são mais comuns. Somente sete estudos mediram diretamente o tempo para deambulação ou alta e verificaram que esses fatores não foram afetados pelo uso da pré‐medicação. Alguns estudos empregaram testes específicos para avaliar os efeitos residuais da pré‐medicação. Apesar destes estarem frequentemente prejudicados após a cirurgia, isto não pareceu adiar a alta.